Wilfred era um cavaleiro forte e belíssimo. Cavalgando, um dia, ao longo das margens do Danúbio, viu sobre ele uma vara, evidentemente a enxugar, um lindo véu branco leve como a espuma do mar. Tanto lhe agradou o achado que estendeu a mão mais que depressa e o apanhou. No mesmo instante, emergiu das ondas uma moça mais linda que qualquer outra da terra, com cabelos do mais puro ouro e olhos de um azul intenso.
- Entrega-me o véu, lindo cavaleiro! - suplicou ela, com voz suavíssima. - Sou uma filha da água e moro num palácio de cristal no fundo do oceano, mas não poderei voltar para casa sem o meu véu, perderei meus dons mágicos e deverei vaguear pela terra como uma pobre mendiga mortal. Se atenderes ao meu pedido, eu te indicarei o lugar onde os anões esconderam o seu tesouro.
- Bela jovem, - respondeu sorridente o moço, eu também tenho um palácio, muito longe daqui; se não é de cristal, todavia é muito bonito e está cheio de riquezas e de magníficos cavalos. De que me serviria o tesouro dos anões?
- Então, - voltou à carga a ninfa, perturbada com aquela resposta que não esperava - eu te ensinarei como farás para conhecer o futuro.
- Bem triste dom me farias! Conhecendo o futuro, eu perderia a esperança, que é a mais linda alegria da existência.
A loira menina não tinha mais nada a prometer. Empalideceu, suspirou e grossas lágrimas começaram a saltar-lhe dos olhos. Wilfred comoveu-se com o pranto e começou a olhar fixamente a ninfa. Quanto mais a olhava, mais se agradava dela.
- És bela, muito bela mesmo, ó filha da água, - disse ele - e mesmo que tenhas de tornar-te uma filha da terra, não será um grande mal, pois serás a jovem mais linda do mundo. Escuta, por que não te casas comigo? Far-te-ei rainha de meus domínios, e terás um castelo tão suntuoso quanto o deixares sob as águas.
A ninfa enxugou as lágrimas e sorriu:
- Pois muito bem, se me entregares o véu, eu prometo que me casarei contigo. E para seguir-te, deixarei meu palácio de cristal e minhas loiras irmãs do Danúbio.
Wilfred era belo e forte, mas ainda muito ingênuo; não conhecia a malícia das mulheres e não percebeu a cilada que estava escondida sob aquela promessa. Por isso, apressou-se a entregar o véu à ninfa.
Mas esta, apenas se viu de posse do precioso adorno, no qual tão apenas estava apoiada toda a sua força mágica, reconquistou imediatamente o poder sobrenatural: podia, portanto, mergulhar e desaparecer nas ondas.
E foi o que fez, desaparecendo com uma risada de zombaria e deixando o moço estupefato à margem do rio...
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