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Olá amigos!

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domingo, 3 de junho de 2012

A Dança das Doze Princesas



Era uma vez um rei que tinha doze filhas muito lindas. Dormiam em doze camas, todas no mesmo quarto; e quando iam para a cama, as portas do quarto eram trancadas a chave. Pela manhã, porém, os seus sapatos apresentavam as solas gastas, como se tivessem dançado com eles toda a noite; ninguém conseguia descobrir como acontecia isso.
Então, o rei anunciou por todo o país que se alguém pudesse descobrir o segredo, e saber onde as princesas dançavam de noite, casaria com aquela de quem mais gostasse e seria o seu herdeiro do trono; mas quem tentasse descobrir isso, e ao fim de três dias e três noites o não conseguisse, seria morto.
Apresentou-se logo o filho de um rei. Foi muito bem recebido e à noite levaram-no para o quarto ao lado daquele onde as princesas dormiam nas suas doze camas.
Ele tinha que ficar sentado para ver onde elas iam dançar; e, para que nada se passasse sem ele ouvir, deixaram-lhe aberta a porta do quarto. Mas o rapaz daí a pouco adormeceu; e, quando acordou de manhã, viu que as princesas tinham dançado de noite, porque as solas dos seus sapatos estavam cheias de buracos. O mesmo aconteceu nas duas noites seguintes e por isso o rei ordenou que lhe cortassem a cabeça. Depois dele vieram vários outros; nenhum teve melhor sorte, e todos perderam a vida da mesma maneira.
Ora, aconteceu que um ex-soldado que tinha sido ferido em combate e já não mais podia guerrear, chegou ao país. Um dia, ao atravessar uma floresta, encontrou uma velha, que lhe perguntou aonde ia.
- "Quero descobrir onde é que as princesas dançam, e assim, mais tarde, vir a ser rei".
- "Bem", disse a velha, "isso não custa muito. Basta que tenhas cuidado e não bebas do vinho que uma das princesas te trouxer à noite; logo que ela se afaste, deves fingir estar dormindo profundamente." E, dando-lhe uma capa, acrescentou: "Logo que puseres esta capa tornar-te-ás invisível e poderás seguir as princesas para onde quer que elas forem."
Quando o soldado ouviu estes conselhos, foi ter com o rei, que ordenou lhe fossem dados ricos trajes; e, quando veio a noite, conduziram-no até ao quarto de fora. Quando ia deitar-se, a mais velha das princesas trouxe-lhe uma taça de vinho, mas o soldado entornou-a toda sem ela o perceber. Depois estendeu-se na cama, e daí a pouco pôs-se a ressonar como se estivesse dormindo. As doze princesas puseram-se a rir, levantaram-se, abriram as malas, e, vestindo-se esplendidamente, começaram a saltitar de contentes, como se já se preparassem para dançar. A mais nova de todas, porém, subitamente preocupada, disse:
- "Não me sinto bem. Tenho certeza de que nos vai suceder alguma desgraça."
- "Tola!", replicou a mais velha. "Já não te lembras de quantos filhos de rei nos têm vindo espiar sem resultado? E, quanto ao soldado, tive o cuidado de lhe dar a bebida que o fará dormir."
Quando todas estavam prontas, foram espiar o soldado; continuava a ressonar e estava imóvel. Então julgaram-se seguras; e a mais velha foi até a sua cama e bateu palmas: a cama enfiou-se logo pelo chão abaixo, abrindo-se ali um alçapão. O soldado viu-as descer pelo alçapão, umas atrás das outras. Levantou-se, pôs a capa que a velha lhe tinha dado, e seguiu-as; a meio da escada, inadvertidamente, pisou a cauda do vestido da princesa mais nova, que gritou às irmãs:
- "Alguém me puxou pelo vestido!"
- "Que tola!", disse a mais velha. "Foi um prego da parede."
Lá foram todas descendo e, quando chegaram ao fim, encontraram-se num bosque de lindas árvores. As folhas eram todas de prata e tinham um brilho maravilhoso. O soldado quis levar uma lembrança dali, e partiu um raminho de uma das árvores.
Foram ter depois a outro bosque, onde as folhas das árvores eram de ouro; e depois a um terceiro, onde as folhas eram de diamantes. E o soldado partiu um raminho em cada um dos bosques. Chegaram finalmente a um grande lago; à margem estavam encostados doze barcos pequeninos, dentro dos quais doze príncipes muito belos pareciam à espera das princesas.
Cada uma das princesas entrou para um barco, e o soldado saltou para onde ia a mais moça. Quando iam atravessando o lago, o príncipe que remava o barco da princesa mais nova disse para ela:
- "Não sei por que é, mas apesar de estar remando com quanta força tenho, parece-me que vamos mais devagar do que de costume. O barco parece estar hoje muito pesado."
- "Deve ser do calor do tempo", disse a jovem princesa.
Do outro lado do lago ficava um grande castelo, de onde vinha um som de clarins e trompas. Desembarcaram todos e entraram no castelo, e cada príncipe dançou com a sua princesa; o soldado invisível dançou entre eles, também; e quando punham uma taça de vinho junto a qualquer das princesas, o soldado bebia-a toda, de modo que a princesa, quando a levava à boca, achava-a vazia. A mais moça assustava-se muito, porém a mais velha fazia-a calar.
Dançaram até as três horas da madrugada, e então já os seus sapatos estavam gastos e tiveram que parar. Os príncipes levaram-nas outra vez para o outro lado do lago - mas desta vez o soldado veio no barco da princesa mais velha - e na margem oposta despediram-se, prometendo as princesas voltar na noite seguinte.
Quando chegaram ao pé da escada, o soldado adiantou-se às princesas e subiu primeiro, indo logo deitar-se; as princesas, subindo devagar, porque estavam muito cansadas, ouviam-no sempre ressonando, e disseram:
- "Está tudo bem."
Depois despiram-se, guardaram outra vez os seus ricos trajes, tiraram os sapatos e deitaram-se. De manhã o soldado não disse nada do que tinha visto, mas desejando tornar a ver a estranha aventura, foi ainda com as princesas nas duas noites seguintes. Na terceira noite, porém, o soldado levou consigo uma das taças de ouro como prova de onde tinha estado.
Chegada a ocasião de revelar o segredo, foi levado à presença do rei com os três ramos e a taça de ouro. As doze princesas puseram-se a escutar atrás da porta para ouvir o que ele diria. Quando o rei lhe perguntou: "Onde é que as minhas doze filhas dançam de noite?", respondeu:
- "Com doze príncipes num castelo debaixo da terra."
Depois contou ao rei tudo o que tinha sucedido, e mostrou-lhe os três ramos e a taça de ouro que trouxera consigo.
Então o rei chamou as princesas e perguntou-lhes se era verdade o que o soldado tinha dito; elas, vendo que estava descoberto o seu segredo, confessaram tudo. E o rei perguntou ao soldado com qual delas queria casar.
- "Já não sou muito novo", respondeu, "por isso quero a mais velha."
Casaram-se nesse mesmo dia e o soldado tornou-se herdeiro do trono.
E as princesas e seus bailes no castelo encantado? Pelos buracos nas solas dos sapatos, elas continuam dançando lá todas as noites até hoje...

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