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domingo, 3 de junho de 2012

A Lenda do Judeu Errante



Conta-se que quando Nosso Senhor ia levando a cruz para o Calvário, deteve-se um momento, para descansar, à porta de um sapateiro que o não deixou parar, dizendo:
- Segue! Segue! Não descansarás aqui!
E Nosso Senhor tomou outra vez a cruz e disse:
- Vou para onde descanse, mas tu, terás que caminhar até que eu volte.
E assim o sapateiro se tornou o Judeu Errante, que não poderá nunca descansar enquanto Nosso Senhor não voltar à Terra no Dia do Juízo Final. O sinal de uma cruz encarnada apareceu-lhe na testa, e, deixando a mulher e os filhos, que não mais o quiseram em casa, seguiu Nosso Senhor até o Calvário; depois saiu de Jerusalém e começou a sua estranha e longa peregrinação.
Andou, andou e andou sempre. Nunca ninguém o deixava ficar em lugar algum. Assim, empobrecido e cansado, o sapateiro foi ficando velho, suas roupas puídas, barba por fazer e os cabelos, desgrenhados, a cair-lhe pelas costas. Na testa, usava uma faixa negra para esconder o sinal da cruz encarnada, símbolo da maldição eterna.
E assim foi vivendo o velho judeu. Sem falar com ninguém, pois ninguém o queria, acabou tornou-se eremita e fugiu do contato com as pessoas.
Séculos depois, ninguém mais se lembrava dele.
Até que, em 1505, um tecelão da Boêmia, chamado Kokot, estava tentando descobrir um tesouro escondido pelo avô no palácio real. E quando andava cavando aqui e ali, ao acaso e sem resultado, passou o Judeu Errante.
- Teu avô estava enterrando o tesouro a última vez que por aqui passei, - disse o velho. - e, se bem me lembro, enterrava-o ali, ao pé daquele muro.
Kokot imediatamente cavou ao pé do muro e lá encontrou o tesouro que tanto ambicionava. Quando virou para agradecer ao Judeu Errante, viu que ele tinha desaparecido.
E desse dia em diante, nunca mais ninguém o viu.
Mas o Judeu Errante continua a caminhar, pelos séculos sem fim, até os dias de hoje, carregando sua maldição por ter negado descanso a Nosso Senhor.
E assim será até que venha o Juízo Final...

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