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Olá amigos!

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domingo, 26 de agosto de 2012

Discuros direto, indireto e indireto livre

Os textos abaixo servem de exemplo de :

Exemplo de discurso direto onde as personagens falam no texto em linguagem direta:

Margarida entrou em casa e viu sua mãe, que estava sentada em uma poltrona, folheando uma revista. Sem dizer nada, dirigiu-se à cozinha. A mãe a interpelou:
– Com quem você esteve?
– Com a Rosa e o Edu.
– Edu?
– É o irmão da Rosa – respondeu distraidamente.
– Você nunca me falou desse Edu.
– Eu o conheci há pouco tempo.
– E o que faz o Edu?
– Ora, mamãe, que curiosidade!

Ou ainda:

Ofélia perguntou devagar, com recato pelo que lhe acontecia:
– É um pinto?
Não olhei para ela.
– É um pinto, sim.
Da cozinha vinha o fraco piar. Ficamos em silêncio como se Jesus tivesse nascido. Ofélia respirava, respirava.
– Um pintinho? certificou-se em dúvida.
– Um pintinho, sim, disse eu guiando-a com cuidado para a vida.
– Ah, um pintinho, disse meditando.
– Um pintinho, disse eu sem brutalizá-la.
Já há alguns minutos eu me achava diante de uma criança. Fizera-se a metamorfose.
– Ele está na cozinha.
– Na cozinha? Repetiu fazendo-se de desentendida.
– Na cozinha, repeti pela primeira vez autoritária, sem acrescentar mais nada.
– Ah, na cozinha, disse Ofélia muito fingida, e olhou para o teto. (...).

(Clarice Lispector, A Legião Estrangeira)

E em outro estilo de discurso temos o discurso indireto onde as falas das personagens aparecem descritas pelo narrador:

No espelho de casa viu os olhos avolumando. Pensou nos Nereu. A cara arredondava pra caber os olhos crescidos. Inchavam, cresciam de dar medo. Duas bolas acesas na cara redonda do infeliz. Pensou na raiva. Chamou a mulher aos berros. Assustada, benzeu-se e entoou uma reza em voz alta. Era o coisa ruim! - dizia ela. Ele rezou também. De nada adiantou. Suas orelhas se movimentavam sem querer, à olhos vistos. Incharam e cresceram, cresceram de dar medo. As duas orelhas ficaram enormes, maiores que a cara. A mulher gritava. Ele espumava de raiva. Ela rezava fazendo o sinal da cruz. De nada adiantou.
(Reza braba – Ana Maria Maruggi)


Ou ainda:

Sorri — pois o que tinha a temer? Dei as boas-vindas aos senhores. O grito, disse, fora meu, num sonho. O velho, mencionei, estava fora, no campo. Acompanhei minhas visitas por toda a casa. Incentivei-os a procurar — procurar bem. Levei-os, por fim, ao quarto dele. Mostrei-lhes seus tesouros, seguro, imperturbável. No entusiasmo de minha confiança, levei cadeiras para o quarto e convidei-os para ali descansarem de seus afazeres, enquanto eu mesmo, na louca audácia de um triunfo perfeito, instalei minha própria cadeira exatamente no ponto sob o qual repousava o cadáver da vítima.
(O coração delator – Edgar Allan Poe)

Ou ainda:

Um discuso indireto livre, onde o narrador faz uso dos dois recursos: direto e indireto passando de um para outro:


Saltou pela traseira mesmo, sem pagar, os demais passageiros o olhavam, espantados, o trocador não teve tempo de protestar. Atirou-se num táxi que se deteve ante seus gestos frenéticos, foi direto à minha casa:

— Você tem que me ajudar a sair dessa.

Amigo é para essas coisas, mas não me dou por bom conselheiro em tais questões. Mal consigo eu próprio sair das minhas: a emenda em geral é pior do que o soneto. Ainda assim, tão logo ele me contou o que havia acontecido, ocorreu-me dizer que, se saída houvesse, ele teria que abrir mão de uma — com as duas é que não poderia ficar. Qual delas preferia?
(O golpe do comendador – Fernando Sabino)

Fonte:  oficinaideiaseideais.blogspot.com.br

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