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domingo, 12 de agosto de 2012

Cobra Norato



A bela e fogosa cabocla, escondera por nove meses, o resultado do mau passo que dera durante as festas de Santo Antônio, ao pular a fogueira ao lado de um caboclo viril. Nove meses depois, acompanhada pela mãe índia, indo beber água no rio Amazonas, a cabocla sentiu fortes dores no ventre. Minutos depois, deu à luz a um casal de gêmeos. Tão logo os gêmeos choraram, a cabocla viu a prole transformar-se em duas cobras. Era o preço do seu pecado, gerar dois filhos encantados.
Arrependida do mau passo, a cabocla entregou os filhos à velha índia, que por sua vez, os foi entregar ao pajé, para que os matasse. O pajé sabia do encantamento dos filhos da cabocla. Não os matou, jogou as duas cobras nas águas do Amazonas, para que o grande rio os criasse.
No rio, Honorato e Maria Canina foram criados. Nas noites de luar pleno, os irmãos deixavam a pele de cobra e percorriam as festas dos homens, transformados ele em um belo homem, ela numa mulher feia e má. Honorato era de boa índole, Maria Caninana lançava a discórdia e o veneno aos homens. De tão má, um dia foi morta por pescadores, fazendo da sua pele de cobra belos cintos.
Nos bailes, Honorato roubava o coração das mulheres, tamanha a sua formosura e carisma de sedutor. Antes de o sol raiar, voltava para o rio, transformando-se na tal terrível cobra Norato.
Ao ver o sofrimento de Honorato, um dia o pajé revelou-lhe o segredo do seu desencantamento: somente um homem de coragem arrojada poderia fazê-lo, lançando gotas de leite na boca da cobra, dando-lhe, a seguir, um corte na cauda, para que o sangue amaldiçoado escorresse e o encantamento fosse desfeito.
Diante de tão horrendo e gigantesco monstro, não havia um homem à beira do Amazonas que ousasse desencantar Honorato.
Uma noite, o jovem encantando falou da sua desgraça a um valente soldado. Enternecido pela triste sina do jovem, o soldado prometeu livrar-lhe para sempre da maldição. Esteve com ele até o sol nascer, quando o viu transformar-se no mais feio e terrível monstro. O soldado encheu-se de coragem, abriu a boca da imensa cobra, que, já pronta para devorá-lo, sentiu as gotas de leite por ele lançadas em sua garganta. Antes que o animal cuspisse o leite, o soldado, empunhado de um sabre, abriu-lhe um corte na cauda. Tão logo o sangue molhou as águas do rio Amazonas, da pele fria da cobra, surgiu o belo e jovial Honorato.
Findava-se a Cobra Norato, que tanto causara medo e terror aos índios e caboclos que viviam às margens do grande rio Amazonas. Seguiu Honorato, belo e encantador, eternamente grato à coragem do soldado que o libertara. Desencantando para sempre.

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