Maria Hilda de J. Alão
Era uma vez um tigre que morava na floresta. Um dia ele viu que um homem construía uma cabana no seu território e pensou:
“Como o homem é tolo! Será que ele não sabe que posso devorá-lo em poucos minutos?
Não resistindo, o tigre deu um forte rugido e foi consultar uma velha raposa considerada a mais sábia de todas as raposas que já viveram.
- Caro tigre, você não conhece os homens! Eles são ardilosos e muito perigosos.
- Não para mim! O homem é um ser fraco e covarde e com o golpe de uma das minhas patas eu posso dominá-lo. – respondeu abanando no ar a enorme pata de unhas longas e curvas.
- Amigo, não menospreze aquilo que não conhece. Nós, raposas, sabemos muito bem quem é o homem.
- Quero que a amiga me acompanhe e observe como eu posso vencer aquele ser frágil. – propôs o tigre.
Assim foi feito. O tigre, caminhando sorrateiramente, seguia o homem que procurava madeira forte para fazer a porta da casa. Minutos depois ele voltou com a madeira. Serra aqui martela ali e, em pouco tempo, estava feita a porta da casa. A raposa, que tinha um olho no tigre e outro no homem, tremeu quando ouviu a pergunta:
- Esta é sua casa, homem?
- Sim! – respondeu medrosamente o homem imaginando a força e a ferocidade do tigre.
O tigre sentiu o medo do homem e começou a imaginar o belo jantar que teria. Mas não ia se apressar. Para quê? Puxando conversa o tigre disse com desdém:
- Minha amiga raposa me contou que o homem é ardiloso e perigoso, porém eu, tigre, o mais esperto, mostrarei a ela quem será o vencedor.
Pensando em como sair daquela enrascada, o homem propôs choramingando:
- Senhor tigre, pode ficar com a casa e tudo que tem dentro dela, mas não me devore.
E o tigre pensou: “Isso é ser corajoso, perigoso e inteligente? É chorão como qualquer covarde.” Ainda pensando em escapar do tigre, o homem enfatizou a oferta:
- A casa é forte e segura. No inverno o senhor ficará abrigado e aquecido. Nada de neve, nada de chuva nem de outros animais perturbando o seu sono.
O tigre aceitou a oferta pensando no jantar e na soneca que tiraria depois. Apressado ele se dirigiu para a porta da casa querendo entrar. Foi então que homem, pondo-se diante da porta, disse:
- Tem um problema. O senhor tigre não sabe como abrir e fechar a porta.
- Ensina-me! – gritou impaciente a fera.
- Veja senhor tigre, eu abro, eu entro e depois fecho a porta. Experimente tentar abrir esta porta de madeira nobre. – pediu, lá dentro da casa, o homem.
O tigre bateu, empurrou com as patas e a porta não abriu. Ainda do lado de dentro da casa, o homem perguntava:
- Então, ela não é segura como eu falei? Aqui dentro eu não tenho medo de nada.
O tigre, meio desconfiado, foi logo dizendo:
- Não queira bancar o espertinho. Sei que não pretendes sair daí. Saiba que eu sou um tigre e não um asno. Ninguém me engana.
- Que é isso, senhor tigre! Eu cumpro a minha palavra. Pode confiar.
A porta foi se abrindo lentamente e o homem saiu. Na cabeça do tigre mais um pensamento de arrogância: “Criatura estúpida! Teve a chance de escapar das minhas garras...” – e riu internamente. O homem convidou o tigre para testar a segurança da casa com paredes de pedra e porta maciça. Com o peito empolado, rabo levantado e um rugido forte, o tigre entrou apressadamente na casa. O homem, mais que depressa, fechou a porta com uma tranca e um grosso cadeado prendendo o tigre que se achava o mais esperto dos espertos. Recolheu as ferramentas e, antes de partir para a aldeia, gritou bem alto:
- Junte sua força e sua esperteza e vá jantar em outra freguesia.
A raposa, que passou todo o tempo escondida numa moita assistindo a tudo e não aguentando mais ouvir os urros do tigre disse:
- Sentiu o drama, bobão? Eu bem que avisei...
Moral: Nunca menospreze a inteligência alheia.
www.usinadeletras.com.br“Como o homem é tolo! Será que ele não sabe que posso devorá-lo em poucos minutos?
Não resistindo, o tigre deu um forte rugido e foi consultar uma velha raposa considerada a mais sábia de todas as raposas que já viveram.
- Caro tigre, você não conhece os homens! Eles são ardilosos e muito perigosos.
- Não para mim! O homem é um ser fraco e covarde e com o golpe de uma das minhas patas eu posso dominá-lo. – respondeu abanando no ar a enorme pata de unhas longas e curvas.
- Amigo, não menospreze aquilo que não conhece. Nós, raposas, sabemos muito bem quem é o homem.
- Quero que a amiga me acompanhe e observe como eu posso vencer aquele ser frágil. – propôs o tigre.
Assim foi feito. O tigre, caminhando sorrateiramente, seguia o homem que procurava madeira forte para fazer a porta da casa. Minutos depois ele voltou com a madeira. Serra aqui martela ali e, em pouco tempo, estava feita a porta da casa. A raposa, que tinha um olho no tigre e outro no homem, tremeu quando ouviu a pergunta:
- Esta é sua casa, homem?
- Sim! – respondeu medrosamente o homem imaginando a força e a ferocidade do tigre.
O tigre sentiu o medo do homem e começou a imaginar o belo jantar que teria. Mas não ia se apressar. Para quê? Puxando conversa o tigre disse com desdém:
- Minha amiga raposa me contou que o homem é ardiloso e perigoso, porém eu, tigre, o mais esperto, mostrarei a ela quem será o vencedor.
Pensando em como sair daquela enrascada, o homem propôs choramingando:
- Senhor tigre, pode ficar com a casa e tudo que tem dentro dela, mas não me devore.
E o tigre pensou: “Isso é ser corajoso, perigoso e inteligente? É chorão como qualquer covarde.” Ainda pensando em escapar do tigre, o homem enfatizou a oferta:
- A casa é forte e segura. No inverno o senhor ficará abrigado e aquecido. Nada de neve, nada de chuva nem de outros animais perturbando o seu sono.
O tigre aceitou a oferta pensando no jantar e na soneca que tiraria depois. Apressado ele se dirigiu para a porta da casa querendo entrar. Foi então que homem, pondo-se diante da porta, disse:
- Tem um problema. O senhor tigre não sabe como abrir e fechar a porta.
- Ensina-me! – gritou impaciente a fera.
- Veja senhor tigre, eu abro, eu entro e depois fecho a porta. Experimente tentar abrir esta porta de madeira nobre. – pediu, lá dentro da casa, o homem.
O tigre bateu, empurrou com as patas e a porta não abriu. Ainda do lado de dentro da casa, o homem perguntava:
- Então, ela não é segura como eu falei? Aqui dentro eu não tenho medo de nada.
O tigre, meio desconfiado, foi logo dizendo:
- Não queira bancar o espertinho. Sei que não pretendes sair daí. Saiba que eu sou um tigre e não um asno. Ninguém me engana.
- Que é isso, senhor tigre! Eu cumpro a minha palavra. Pode confiar.
A porta foi se abrindo lentamente e o homem saiu. Na cabeça do tigre mais um pensamento de arrogância: “Criatura estúpida! Teve a chance de escapar das minhas garras...” – e riu internamente. O homem convidou o tigre para testar a segurança da casa com paredes de pedra e porta maciça. Com o peito empolado, rabo levantado e um rugido forte, o tigre entrou apressadamente na casa. O homem, mais que depressa, fechou a porta com uma tranca e um grosso cadeado prendendo o tigre que se achava o mais esperto dos espertos. Recolheu as ferramentas e, antes de partir para a aldeia, gritou bem alto:
- Junte sua força e sua esperteza e vá jantar em outra freguesia.
A raposa, que passou todo o tempo escondida numa moita assistindo a tudo e não aguentando mais ouvir os urros do tigre disse:
- Sentiu o drama, bobão? Eu bem que avisei...
Moral: Nunca menospreze a inteligência alheia.
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