Maria Hilda de J. Alão
Um homem, que morava à margem de um rio, tinha um cão que ele estimava muito. Estimava tanto o animal que todos os dias ele ia ao açougue de um amigo e comprava um pedaço da melhor carne para dar ao animal. O cão já estava tão acostumado que ficava a espera do dono deitado na varanda da casa.
Um dia, não se sabe qual a razão, depois de pegar o pedaço de carne, o cão resolveu ir até a margem do rio para comer sossegado. Assim que chegou a margem, ele viu na água o reflexo de sua imagem que identificou como outro cão com um pedaço de carne maior do que o dele. Como é que pode um cão desconhecido ter um pedaço de carne maior? Pensou. Então ele armou um plano para tirá-lo daquele cão desconhecido. Largou a carne que trazia na boca e se jogou na água para pegar a do cão que ele viu no rio.
Que tristeza! Nadou, nadou e não viu mais o cão. E agora? O seu suculento pedaço de carne, deixado para trás, já havia desaparecido levado por um urubu. Continuou nadando até que encontrou uma capivara que lhe perguntou:
- Para onde vai senhor cão?
- A senhora capivara não viu passar por aqui um cão com um grande pedaço de carne na boca?
- Não, senhor cão!
Então o cão contou a história para a capivara que imediatamente decifrou a charada.
- Meu caro amigo cão, o senhor está procurando uma sombra. Uma coisa que não existe.
- Como? Eu vi o cão andando na água com um pedaço de carne maior do que o meu.
- Não seja bobo. Aquilo era a sua sombra. Você andava pela margem e a sua imagem era refletida na água do rio. Não existe outro cão nem outro pedaço de carne. Viu a bobagem que fez? Ficou sem a carne real para correr atrás de uma imaginária, uma sombra.
E o cão voltou para casa cansado e com fome, mas com uma lição aprendida: não cobice as coisas alheias, você pode se dar mal.
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