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Olá amigos!

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domingo, 15 de abril de 2012

Pé de Guerra


Zezinho gostaria que os soldadinhos debrinquedo tivessem vida. Lutassem. Gostaria sim.Até que um dia, no quintal, depois de cavar pequenas trincheiras, conforme vira no cinema dobairro, arrumou-os em posição de combate.Os caminhões ficaram atrás. A imaginaçãotrabalhou violenta. As tropas inimigas, frente ao seupequeno exército, foram vencidas com pedradas empouco tempo.Mas a sua vitória lhe trouxe imensa tristeza.Como consertar os inimigos quebrados?Zezinho sentiu que podia destruir, mas estavamuito triste, nem sequer comeu naquele dia, o jantar que sua mãe preparou. _ Só um pouquinho. _ Não quero! _Por que, meu filho? _ Mãe ... eu matei gente hoje. Uma porção de soldados. _ Quê ? _ Tinha soldados sem perna, sem braço, sem cabeça.Foi horrível! Tenho vontade de chorar. _ Mãe, você compra aquela ambulância na venda doOnofre? A que tem a cruz vermelha? _ Pra quê ? _ Pra tratar deles. Vou fazer muletas de palito defósforo.Zezinho teve febre. Chamaram o médico.Ninguém entendia. Mas a guerra continuava na febre domenino. _ Avançar! Primeiro canhão, fogo! Continuava a loucurabélica: _ Mete a faca nele! È uma ordem! A criança se agitava.O médico falou: _ Não entendo. Ele comeu alguma coisa na rua? _ Não doutor, brincou o dia todo no quintal. O menino foiexaminado dos pés à cabeça Nada. _ Vou receitar calmante. Ele está muito agitado. Nãoentendo, não entendo mesmo.No dia seguinte, Zezinho resolveu enterrar osseus mortos. Generais e soldados. Lado a lado. Manecopulou a cerca e perguntou o que era aquilo. _ Nada! _ E esse negocio aí, com a bandeirinha? _ Nada! Vá embora! Já disse.E Maneco foi.Ele arrumou alguns sobreviventes inimigos.Estava com raiva. Sem tristeza, arrumou os querestavam do seu exército. Poucos restavam do outrolado, mas eram inimigos. As pedradas foram certeiras, adevastação foi geral. Conferiu: nada mais restava. Viu,depois as suas tropas. Perdera a noção das coisas:destruiu seu próprio exército. Nada mais restava dosbrinquedos.Marchou sozinho pelo quadrado de terra,limitado pelas cercas de bambus. Apanhou pedras e foiatirando. Quebrou vidraças. Então lembrou que seuspais brigavam dia e noite. Discutiam. Certa vez seu paibateu na sua mãe, ele tentou socorrê-la, mas foi atiradocontra a parede e sangrou. Seus pais brigavam muito,principalmente quando o pai chegava em casa bêbado.Os soldadinhos foram comprados com aseconomias da mãe de Zezinho, ela costurava para fora.Aí Zezinho viu o que tinha feito. Correu para casa,pegou uma caixa de sapatos, vazia, desenterrou ossepultados mutilados. No tanque, os lavou com amor ecuidado: pernas, braços, cabeças. E então ressuscitava-os. Arrumou-os na caixa a jogou fora os armamentos.Lamentava aquela guerra inútil, tentando consertar osestragos.Naquele momento, Zezinho sentiu-se feliz: havia paz.

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